sexta-feira, 9 de abril de 2010

Janelas

Da minha janela contemplo a cidade da minha ilusão, procuro no escuro da noite uma pista, uma explicação.

Nem mesmo o barulho dos carros que passam parece abafar, o cortante ardor do meu coração que parece pulsar sem pulsar, que parece pulsar sem pulsar.

A minha janela é uma espécie de tela, de televisão, um rosto querido me olha, eu choro, eu perco o chão.

Já deve ser mais de onze horas, meu Deus, eu preciso deitar e anestesiar este coração que parece pulsar por pulsar, que parece pulsar por pulsar.

Cansado... Gemendo... Murchando..., como murcha mesmo a mais linda flor. E agora eu me vejo mudado, sofrendo um bocado, morrendo de dor.

Era uma outra janela e cenário, uma outra visão: o sol surgindo dourado por cima da plantação, os bichos, a gente acordando, a fazenda, e a noite se vai... tudo isso volta ao meu coração que parece pulsar por meu pai, que parece pulsar por meu pai....

por Gerson Borges