Desde que soubemos que o novo presidente do Brasil, seria uma mulher, veio também a dúvida sobre como referir-se a ela. Deviamos chamá-la de presidente ou presidenta?
A pedido da então presidente eleita, seu cargo deveria ser intitulado no suposto feminino da palavra, ou seja, "presidenta". Tanto que os convites que foram emitidos aos convidados para a festa e solenidade de posse, dizia: A Presidenta da República.
Porém essa era uma dúvida que muitos tinham, uma vez quê, nunca tivemos uma mulher em tão alto cargo. E para quem sempre ouviu a palavra no masculino, ouvir de uma hora para outra no feminino, causa pelo menos um tanto de estranheza.
Nessa de como denominar corretamente um cargo até então só presidido por homens, alguns profissionais de mídia, tem se preocupado em se informar e classificá-la corretamente, de acordo com a norma culta da nossa complexa língua portuguesa.
Vamos então ao que diz a regra:
No português existem os particípios ativos como derivativos verbais. Por exemplo: o particípio ativo do verbo atacar é atacante; o de cantar é cantante; o de existir é existente; o de mendicar é mendicante etc.
Já o particípio do verbo ser é ente. Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade. Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionar à raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte. Portanto, à pessoa que preside, independente do sexo, é presidente.
Dizemos capela ardente, e não capela "ardenta"; estudante, e não "estudanta"; adolescente, e não "adolescenta"; paciente, e não "pacienta"; pedinte, e não "pedinta".
Em nome da língua mãe, já tão estropiada, fazemos uma advertência:
“A presidenta se comporta como uma adolescenta pouco pacienta, que imagina ter virado eleganta por ter sido eleita representanta. Esperamos vê-la algum dia sorridenta, numa capela ardenta, pois esta dirigenta política não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar contenta.”
Segundo o professor de língua portuguesa Pasquale Cipro Neto, a terminação “nte”, vem do latim e é comum nas línguas neolatinas, como o português, o espanhol e o italiano. Ela indicar o executor de uma ação, tornando a palavra invariável quanto ao gênero, isso quer dizer que a palavra é usada tanto no masculino, como no feminino de igual modo. É o que é chamado em português, de substantivo de dois gêneros. Como vimos na explicação acima.
Já nos maiores dicionários da língua portuguesa: Houaiss, Aurélio e Aulete. O feminino de presidente é denominado “presidenta” - a mulher que preside. Sobre isso, Pasquale explica que: “No caso de ‘presidenta’, talvez pelas conquistas das mulheres em vários territórios, surgiu esse uso, que os dicionários acolheram”.
Porém, se o que rege nosso português são normas, tratados e derivados de línguas antigas, enquanto não houver uma lei que mude esses particípios, independente de classes ou gêneros, ou ainda do desejo da atual presidente, a conclusão é que o correto ainda é usar – Presidente da República Federativa do Brasil.