domingo, 2 de dezembro de 2012
Os Miseráveis
Vítor nasceu… no Jardim das Margaridas.
Erva daninha, nunca teve primavera.
Cresceu sem pai, sem mãe, sem norte, sem seta.
Pés no chão, nunca teve bicicleta.
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Já Hugo, não nasceu, estreou.
Pele branquinha, nunca teve inverno.
Tinha pai, tinha mãe, caderno e fada madrinha.
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Vítor virou ladrão, Hugo salafrário.
Um roubava pro pão, o outro, pra reforçar o salário.
Um usava capuz, o outro, gravata.
Um roubava na luz, o outro, em noite de serenata.
Um vivia de cativeiro, o outro, de negócio.
Um não tinha amigo: parceiro.
O outro, tinha sócio.
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Retrato falado, Vítor tinha a cara na notícia, enquanto Hugo fazia pose pra revista.
O da pólvora apodrece penitente, o da canetaenriquece impunemente.
A um, só resta virar crente, o outro, é candidato a presidente.
por Sérgio Vaz
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